Ostara: O que este festival representa em nossas vidas?
Temos atravessado tempos extremamente desafiadores, como um inverno que não parece ter fim. Tenho escutado muitos relatos de crises de fé, desencanto com a humanidade, uma sensação de abandono e desconexão.
Realmente, viver no Brasil nos tempos atuais é para os fortes. Mas por que estou dizendo isso? O que tudo isso tem a ver com o Ostara?
Porque a Roda do Ano tem um propósito. E entendê-la para além dos rituais é essencial para enxergar como ela funciona em nossas vidas.
Os rituais são de extrema importância, uma vez que trazem representações simbólicas que atuam diretamente em nosso inconsciente, fazendo que internamente sejamos capazes de elaborar conexões entre o plano físico e o plano divino.
No entanto, se os rituais não cumprirem esse papel, e se resumirem apenas em ações mecânicas, estamos fazendo tudo muito errado.
E esse é o ponto que desejo chegar, para te convidar a algumas reflexões.
O Equinócio da Primavera está chegando. Muitas bruxas, bruxos e bruxes já começam a se preparar para pintar seus ovos de Ostara, encher a casa de flores, e esperar as bênçãos da Deusa em sua face de gentil Donzela.
Se observarmos, a Natureza ao nosso redor está mais colorida, os dias mais quentes e convidativos, e dependendo do lugar em que moramos, podemos até ouvir passarinhos fazendo festa.
No mito da Roda do Ano, a Deusa e o Deus se enchem de energia para que a Terra desebroche em toda sua beleza e glória.
Essa é a temporada na qual tudo a nossa volta nos convida ao movimento e à renovação.
E é disso que se trata o Ostara.
Anualmente, temos a feliz oportinidade de florescer, de renovar, de movimentar as engrenagens de nossas vidas para que o novo tenha espaço para chegar.
Todo inverno é necessário, pois assim como a Natureza se recolhe e fica numa espécie de suspensão, o mesmo acontece conosco.
Também temos a necessidade de nos recolher, para reorganizar, reavaliar, desapegar e encerrar ciclos.
Sendo assim, podemos começar a perceber que internamente giramos com a Roda do Ano, com tempos e fluxos que se conectam para que a energia vital siga seu ritmo, garantindo assim os ciclos necessários de vida, morte e renascimento.
Portanto, bruxone, se você chegou até aqui, em mais uma Primavera, e se o inverno foi uma temporada desafiadora, que tal recalcular a rota da vassoura?
Se em Ostara temos a Deusa e o Deus enchendo toda a terra de energia e luz, por que não pensarmos que o mesmo pode acontecer em nossas vidas?
E é disso que se trata entender a representação dos festivais da Roda do Ano em nossas vidas. Abrirmos espaço para o acolhimento da ciclicidade, e para a compreensão da representação de cada uma de suas celebrações em nossa própria roda interna.
Então querida bruxa, bruxo ou bruxe, despeça-se de seu inverno pessoal, por mais caótico que o exterior possa parecer, e permita que o fluxo da primavera tenha espaço em sua vida.
Tire da gaveta seus sonhos, olhe para seus projetos realisticamente, e direcione sua energia para tudo que precise vir à tona, florescer e colorir esse mundão que anda tão esquisito e sem cor.
E não caia na armadilha de achar que o que você tem a oferecer não é bom o suficiente. Cada pessoa tem o seu giro particular em sua Roda do Ano, e a sua primavera não está no tempo dos outros, está em seu ritmo pessoal, de acordo com suas verdades internas.
Aproveite a temporada para renovar tudo o que for preciso, para os novos começos, para se energizar e se nutrir de coisas boas.
E não se aflija, se algo não sair como desejou ou planejou, sempre temos a oportunidade de recomeçar, pois a Roda do Ano não pára de girar, e se compreendemos ela em sua totalidade, temos condições de entender que da mesma forma, nossas vidas também estão em constante movimento!
Bênçãos da Deusa!
Mariana Leal
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4 Comentários
Amo a primavera e amo Ostara
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