Sempre percebi, senti, vivi a espiritualidade como um constante processo de aprendizado e evolução. Intenso, desafiador, revolucionário, em movimento sempre.
Quando sinto que estacionei, ou que está tudo meio marasmento, sei que tem alguma coisa errada. Algo escapou ao entendimento, ou não fez o efeito desejado e até mesmo algum gatilho sabotador que aparece na equação sem aviso prévio.
Ah sim, eles existem, e são vários!
Não sou perfeita e estou imensamente longe de qualquer ideal de perfeição ou iluminação, e a cada vez que penso sobre isso, percebo o quanto ainda preciso aprender.
Achar que o caminho espiritual, seja ele qual for, é uma estrada linda e brilhante que nos leva a um luminoso palácio encantado é um tremendo equívoco.
Não é um pântano assustador, mas essa paisagem atravessa o caminho diversas vezes, pois não existem atalhos para o despertar espiritual.
Experienciamos, obviamente, o êxtase, a alegria, o equilíbrio, a lucidez, a paz interior, mas não é só isso. Não funciona desse jeito.
Esse ideal de iluminação “good vibes” é um lugar desejável, no entanto muito perigoso, pois nele corremos um sério risco de alienação.
É preciso confrontar o medo para encontrar a coragem, a escuridão para encontrar a luz, a raiva para encontrar o perdão. Ter consciência de nossas vulnerabilidades para entendermos quais aspectos nos tornam verdadeiramente fortes.
É uma questão de equilíbrio, pois são essas singularidades que nos tornam especiais.
E talvez o que eu vá dizer cause um certo desconforto, mas acho que é esse o intuito dessa reflexão, e se por acaso você não sentiu esse conflito interno em algum momento de seu processo espiritual, te convido a repensar a trajetória.
E para além dos processos internos, que são deveras transformadores, como está a comunicação dessas experiências com o mundo que te cerca?
Ao meditar com a Mãe Terra, você consegue refletir sobre o impacto da ação humana sobre a natureza, e qual a sua responsabilidade no processo?
Ao falar de Ancestralidade, vem à sua mente a situação de vulnerabilidade na qual vivem as tribos indígenas, nossos ancestrais por sinal, com seus territórios devastados pelo agronegócio, abandonados pelas políticas públicas?
Ao se reunir com seu Círculo de Sagrado Feminino ou Masculino, vem à tona debates sobre violência, aborto, feminicídio, racismo estrutural ou a invisibilidade da pessoa trans em ambientes “espirituais”?
Eu poderia listar mais um monte de perguntas, mas acho que deu para entender onde quero chegar…
A espiritualidade não pode estar limitada, apenas, à introspecção, autoconhecimento sem olhar para o exterior, para o coletivo, para o entorno, pois assim se torna uma prática vazia, rasa, empobrecida.
Não há troca, tampouco a compreensão da funcionalidade do despertar espiritual.
Espiritualidade sem a expansão da consciência social, espiritual, política ou cósmica, é só positividade tóxica.
E o que você acha sobre isso?
Bênçãos Brilhantes
Mariana Leal
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2 Comentários
Maravilhoso texto, serve como alerta para não se perder no mundo das ilusões, porém reconhecer o invisível em nossas vidas.
Que bom que esse texto ressoou em seu coração!!! Gratidão pela partilha!
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