Quando Encontramos o Inegociável
Não sei como é isso para você, mas começo de ano, para mim, é um momento esquisito e que me gera ansiedade.
Existe uma expectativa, de todo mundo, da gente mesmo, de estar planejando, organizando, olhando para a frente, para o futuro.
É planner no anúncio, curso de organização no feed, uma lista de metas meio rascunhada em um caderninho de anotações, e ela, ali, sentada me olhando, a ansiedade.
Planejamentos…
Li em algum lugar que a ansiedade é excesso de futuro, e isso faz muito sentido para mim quando estou na temporada de planejamentos.
Eu sou aquele tipo de pessoa que já fez aula, curso, workshop e mais um monte de coisas que ensinam a gente a planejar. Me inundei desses temas, principalmente nos últimos anos com todo o caos da pandemia. Eu só conseguia pensar: “eu não vou dar conta”. Nem sabia direito do quê, mas já estava no mood ansiedade, sofrendo horrores por algo que eu nem conseguia identificar.
A loucura foi tanta, que quando me dei conta, eu havia comprado duas agendas, uns três planners diferentes, bloquinhos de checklist, quadro de avisos, post-it, cadernetas, caderninhos, cadernões. Nem preciso dizer que não consegui usar nenhum deles, né?
Ansiedade…
Apesar de ter consciência que isso é muito bizarro, ainda não consigo achar engraçado, porque esse lugar, o da ansiedade, é um que se eu não estiver atenta, eu vou para lá. E isso cansa absurdamente.
Para quem observa de fora, pode achar excêntrico, curioso, engraçadinho…. Mas tenho a convicção que só quem já esteve no sofazinho da ansiedade sabe o quanto ele é desconfortável.
Para não cair nessa armadilha, que na maioria das vezes é montada por mim mesma, precisei desenvolver algumas estratégias, e queria muito te contar a que mais me ajudou, porque pode ser que te ajude também, mesmo que a ansiedade não seja o seu inimigo invisível.
Tem uma frase que li uma vez, que me fez refletir muito sobre o que causa minha ansiedade: Uma lista interminável de coisas para fazer é uma tática infalível para aprisionar uma mulher” (Planejamento Selvagem)
Isso ficou muito tempo ecoando na minha cabeça, até que eu conseguisse realmente identificar a minha lista interminável. Ela estava disfarçada, no meio de todas as coisas que eu já estava fazendo.
Um curso aqui, uma atividade extra acolá, topar um convite, me oferecer para ajudar, assumir “só mais uma” tarefa a mais, e por aí vai…
E, de repente, percebi que havia criado uma prisão que me deixava extremamente cansada, ansiosa e puta da vida, porque eu não conseguia dar conta daquilo tudo.
Mas largar tudo também me gerava ansiedade porque vinha aquela voz interna dizendo “mas como assim você não vai dar conta de tudo?” E foi aí que tomei a amorosa decisão de ir com calma! Simples assim? Não, não foi nem um pouco simples. Mas eu escolhi fazer isso. Por mim.
Encontrando o Inegociável…
A primeira atitude que tomei foi pensar, daquela lista enorme de coisas, quais realmente eram relevantes e importantes e quais eram apenas volume para enfeitar. Isso já aliviou muito o peso que eu mesma havia criado, mas ainda não era o bastante.
E aí surgiu a Palavra Mágica que me fez repensar todo esse processo insano que eu havia me colocado, o Inegociável. Calma que eu te explico.
Mesmo depois de decidir e escolher o que era realmente importante, senti a necessidade de estabelecer limites inegociáveis para a minha paz.
Meu tempo de descanso, meu momento de reflexão, que no caso é tomando banho, ouvindo podcast, o momento de desligar o computador, por o celular no “não perturbe” e aproveitar minha companhia sem culpa. Sem achar que estou fazendo nada. Sem contabilizar quantas aulas eu poderia estar assistindo ou quanto conteúdo eu poderia estar escrevendo e por aí vai.
Fazer essas escolhas, que podem parecer simples, bobas, foram fundamentais para mim. Porque com o tempo de pausa, desacelerando, eu consegui ter clareza do que realmente me importa, o presente.
Não quer dizer que eu abandonei minhas metas e sonhos futuros, muito pelo contrário, eles estão todos lá, mas agora, consegui enxergar quais eu preciso priorizar, porque fazem sentido para mim, e com consciência de que não preciso dar conta de todos ao mesmo tempo.
Sei que a tocaia da ansiedade me aguarda sorrateira, esperando um momento de distração. E também sei que esses momentos irão ocorrer, porque não sou perfeita. Mas agora tenho consciência de que tudo bem parar e recomeçar se essa armadilha me pegar.
Porque não preciso me culpar. E isso é inegociável.
Mariana Leal
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