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A Deusa Interior

A Deusa Interior

A Deusa Interior: Descobrindo os Arquétipos do Feminino Profundo

Espiritualidade da Deusa

Ela é a energia da essência feminina do Universo. Ela é ao mesmo tempo uma expressão do que sabemos a respeito do nosso mundo e um poder muito além da nossa expressão.

Patricia Monaghan

Onde está essa deusa? Dentro de nós? Do lado de fora? Ou, talvez, em ambos?

Deusa interior, Deusa exterior

Essa energia nos habita e preenche de várias formas, que às vezes nem nos damos conta. Podemos associá-la tanto de forma transcendente – exterior a nós, como manifestação do poder do Universo, imortal, que pode parecer até mesmo distante, pois é vasta além das palavras, como de forma imanente – presente em todas as coisas, uma energia interior, que se manifesta de inúmeras formas e que é parte de você e de sua vida diária.

Psicologia Arquetípica

Arquétipo é descrito pelo psicólogo Carl Gustav Jung como um conjunto de imagens psíquicas presentes no inconsciente coletivo que seria a parte mais profunda do inconsciente humano. Os arquétipos são herdados geneticamente dos ancestrais de um grupo de civilização, etnia ou povo. Eles não fazem parte das nossas memórias num nível consciente. Eles podem ser compreendidos como um conjunto de informações inconscientes, que exercem grande influência sobre o comportamento e até mesmo sobre as crenças do ser humano.

Arquétipos femininos

Um arquétipo feminino amplamente difundido e estudado é a figura da Grande Mãe. Este arquétipo se desdobra em diversas divindades femininas e é encontrado com diferentes nomes nas mais diversas culturas: Gaia, Pachamama, Hécate, Maria, Ísis… São inúmeras as manifestações arquetípicas dessa figura feminina, ora maternal, ora libertária, ora amante, ora amazona, ora sábia, ora criadora, ora destruidora. Todos eles compõem um princípio feminino universal, que para estar em equilíbrio, precisa integrar todas essas manifestações.

Dia Mundial da Deusa em Interlagos 2017

Mulheres são seres múltiplos e carregam dentro de si inúmeros arquétipos. Quando plenamente empoderadas, elas dançam com todos eles, não se limitando a serem apenas mães, apenas profissionais ou apenas esposas…

Em nosso texto, teremos como base o livro A Deusa Interior – Jennifer Barker Woolger e Roger J. Woolger, trazendo seis dos principais arquétipos gregos de deusas que parecem ser os mais ativos na vida das mulheres modernas e na sociedade contemporânea.

MULHER ATENA

Regida pela deusa da sabedoria e da civilização; busca realização profissional numa carreira, envolvendo-se com educação, cultura intelectual, política e justiça social.

É a mais valorizada pela sociedade atual. Ela representa o conhecimento, a sabedoria e está profundamente ligada ao lado profissional. Este arquétipo confere ao feminino equilíbrio, capacidade de criar estratégias, dedicação aos estudos, companheirismo e disciplina no trabalho. Porém, Atena carece de sensibilidade. Quando nos perdemos na sombra de Atena, nos apegamos à lógica excessiva, frieza e calculismo e podemos cair facilmente no julgamento e na ridicularização de outros atributos essenciais do feminino: nosso lado passivo, receptivo e nosso princípio doador. O casamento pode tornar-se um mero acordo comercial, a amizade com mulheres pode tornar-se extremamente difícil, posto que a mulher Atena se identifica com os valores e características da polaridade masculina.

MULHER PERSÉFONE

Regida pela deusa do mundo avernal; ela é mediúnica e atraída pelo mundo espiritual, pelo oculto, pelas experiências místicas e visionárias e pelas questões ligadas à morte. É a sacerdotisa, a governante do mundo invisível. Representa mulheres meigas, femininas, dotadas de um grande poder criativo e também o lado psicológico e espiritual da mulher. As mulheres identificadas ao extremo com este arquétipo, costumam apresentar um poder de ação reduzido. São facilmente conduzidas pelos outros e têm dificuldades em se posicionar. Perséfone também representa a mulher que faz de tudo para agradar a mãe: são as boas meninas, obedientes e dependentes. Os homens que as escolhem são inexperientes, e mal-intencionados, do tipo que não se sentem confortáveis com mulheres empoderadas. Por não desejarem criar atritos e despertar desconforto e raiva nos outros, acabam por tornarem-se mentirosas e manipuladoras. Possuem uma forte tendência à sexualidade adormecida e comportarem-se de maneira passiva e submissa em relação ao cônjuge. Como profissionais não são exatamente dedicadas: são inconstantes e indecisas, o que provoca mudanças constantes de emprego. Porém, quando identificadas com o aspecto da Rainha do Submundo – seu verdadeiro poder – serão extremamente competentes, principalmente no campo psicológico e espiritual por saberem sintonizar-se com o mundo do inconsciente.

MULHER ÁRTEMIS

Regida pela deusa das selvas; é prática, atlética, aventureira, aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre e os animais; dedica-se à proteção do meio ambiente, aos estilos de vida alternativos e às comunidades de mulheres.

A natureza da mulher Ártemis é guerreira e independente. Ela representa a individualidade. É uma deusa virgem (completa), caçadora (autossuficiente) que vive nas matas acompanhada por lobos. Seu habitat é a natureza selvagem, a floresta. É um arquétipo que acompanha as mulheres viajantes, aventureiras e destemidas. Em equilíbrio, este arquétipo traz força e independência para as mulheres, equilibra as polaridades feminino-masculino, fazendo com que reconheçam seu papel e sintam-se completas, independente da concretização de uma parceria ou relacionamento com o sexo oposto. Quando uma mulher se identifica de maneira desequilibrada com este arquétipo, ela tende a “endurecer” o feminino e atrair homens dependentes e carentes. Ártemis se nutre de animais e plantas, não só através da alimentação: eles são sua companhia, seu universo. Dessa forma, podemos compreender que ela está em harmonia com o meio onde habita. Dedicação a si mesma, fortalecimento da identidade e limites pessoais são fortes atributos deste arquétipo.

MULHER DEMÉTER

Regida pela deusa das colheitas; ela é uma verdadeira mãe-terra que gosta de estar grávida, de amamentar, de cuidar de crianças; está envolvida com todos os aspectos do nascimento e com os ciclos reprodutivos da mulher.

Deméter é a expressão da generosidade, dedicação e doação da mulher: ela não sabe dizer não a ninguém. Representa o instinto maternal em sua totalidade (gestação e nutrição), nos níveis físico, psíquico e espiritual. As mulheres com essa deusa proeminente desejam, mais do que tudo, serem mães. Também representa a abundância e a nutrição do feminino. É dedicada à família, especialmente aos filhos. Na mitologia, ela é a mãe de Perséfone, e não mediu esforços para recuperar sua filha. Elas são nutridoras, prestativas e doadoras em todos os relacionamentos. As mulheres Deméter são cuidadoras natas e exercem essa função ao longo de sua vida, independentemente da idade e maturidade de seus filhos. Por dedicar-se de maneira exagerada e muitas vezes exclusiva à maternidade, as mulheres fortemente identificadas com este arquétipo tendem a tornarem-se depressivas quando os filhos crescem e deixam o lar. Para evitar este transtorno, muitas vezes elas impedem seus filhos de crescerem. Engravidar “acidentalmente” também pode ser considerado um sintoma de dominação deste arquétipo no inconsciente da mulher.

MULHER AFRODITE

Regida pela deusa do amor, e está voltada principalmente para relacionamentos humanos, sexualidade, intriga, romance, beleza e inspiração das artes.

Afrodite não pode ser considerada uma figura vulnerável: seus relacionamentos são sempre descritos como correspondidos; também não está identificada com a figura da virgem, pois valorizava as experiências emocionais e os relacionamentos, mesmo que não sejam permanentes e duradouros. Os valores de Afrodite não são exatamente apreciados em nossa sociedade e a mulher que os expressa mesmo de maneira equilibrada, tende a ser vulgarizada, pois ela representa a liberdade e a auto-aceitação da sensualidade e sexualidade feminina. Para cultivarmos Afrodite, é necessário darmos abertura para atividades sensoriais ou sensuais. Também é importante nos libertarmos de atitudes culposas ou críticas e compreender o prazer como parte natural e importante da vida. As mulheres identificadas com este arquétipo de maneira extrema costumam ser vaidosas, muito ligadas a roupas e acessórios. Gostam de ser admiradas e adoram um espelho. São mulheres atraentes, possuem muito carisma e chamam atenção de maneira natural e autêntica, sem que seja necessário fazer muito esforço. Estas mulheres geralmente não são as mais dedicadas aos estudos e carreira, mas tornam-se excelentes profissionais quando se envolvem emocionalmente com sua profissão. Elas tendem a ter atitudes extremistas – ou estão num trabalho que detestam ou num que amam demais – e só funcionam bem profissionalmente se a atividade desempenhada exigir o uso da criatividade.

MULHER HERA

Regida pela deusa dos céus; ela se ocupa do casamento, da convivência com o/a parceiro/a e sempre que são líderes ou governantes, se ocupam também de questões ligadas ao poder.

As mulheres tipo Hera são ligadas ao poder e ao casamento de maneira idealizada. Para elas os relacionamentos livres e informais não têm valor algum. Sua lealdade e devoção ao parceiro ou parceira é imensurável; quando traídas, tendem a culpar a outra, mesmo que essa tenha sido uma vítima da sedução do cônjuge. É muito raro uma mulher identificada com este arquétipo pedir divórcio, por mais insatisfeita que ela esteja com o casamento, pois tem muitas dificuldades de aceitar o rompimento e um novo casamento por parte do ex-cônjuge, chegando a interferir de maneira extremamente negativa na vida dele e da nova parceira ou parceiro. Quando perde as rédeas da situação, Hera reage com ira, que pode se manifestar de maneira assustadora e destrutiva. Também é uma característica deste arquétipo fugir do relacionamento problemático dos pais arranjando um casamento para si. A prioridade das mulheres ligadas a esse arquétipo não é o campo profissional. Não é o tipo de mulher que terá filhos por identificar-se com a maternidade, mas sim para cumprir uma função social dentro do casamento. O homem ou mulher que geralmente se atrai pelas mulheres Hera são aqueles que desejam ter uma esposa por razões sociais e não necessariamente afetivas.

A DEUSA DIVIDIDA

Vênus de Willendorf

Todos esses arquétipos, nada mais são que mecanismos de nosso inconsciente de buscar a integralidade do feminino. Se reconectar e resgatar a unidade, a plenitude, a cura que essa deusa sofreu ao longo de mais de 3.000 anos de patriarcado.

Na antiguidade, as civilizações não viam esta divisão de atributos.

A medida que o Patriarcado foi se instalando e dominado as culturas, a visão do feminino foi distorcida e fragmentada.

Esse é nosso objetivo quando buscamos o caminho do Sagrado Feminino, integrar todas essas facetas, trazendo a luz um feminino potente e curado.

Conhecemos os atributos, positivos e negativos, de cada uma dessas manifestações arquetípicas, então convido vocês a uma análise das energias que estão em excesso ou em falta em sua vida, e tente buscar um equilíbrio.

Se identificou com alguma Deusa em especial? Quais as questões que precisam ser olhadas com mais amorosidade em sua jornada de autoconhecimento.

Vamos juntas?

Mariana Leal

Leia também:

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O que é Sagrado Feminino?

5 Comentários

  • Suelen Posted agosto 18, 2020 13:53

    Este artigo explica muita coisa, equilibrar não é fácil, mas, pé por pé vamos caminhando, em busca do conhecimento interior.

    • Mariana Leal Posted agosto 18, 2020 14:33

      Com certeza, Suelen!! Alternamos muito entre essas energias e todas têm a nos ensinar! Obrigada por partilhar suas impressões!

      • Drica Posted outubro 21, 2020 00:58

        Mulher Ártemis ❤️

  • Cristhal dos Anjos Posted agosto 20, 2020 00:11

    Muito bom texto! Parabéns pela dedicação!

    • Mariana Leal Posted agosto 21, 2020 01:09

      Que bom que gostou!! Fico muito feliz! Grata pelo carinho!

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