Close

O gatinho e a Dríade – Um Conto sobre Mabon

O gatinho e a Dríade – Um Conto sobre Mabon

O gatinho e a Dríade – Um Conto sobre Mabon

Léo, o gatinho, amava piqueniques na floresta e ele estava gostando deste. Quer dizer, até que uma pequena folha veio flutuando do céu e pousou no seu sanduíche bem na hora que ele dava uma mordida.

Na verdade, ele tinha mastigado um bocado até perceber o que tinha acontecido. Então, ele fez uma careta horrível e passou alguns minutos cuspindo pedaços de folha e sanduíche mastigados no chão enquanto Maya dava risada.

O pequeno gato olhou para a bruxinha e se preparou para dar uma nova mordida no sanduíche. Assim que deu uma mordida, outra folha caiu no seu nariz, cobrindo ambos os olhos, como uma máscara. Léo piscou os olhos de espanto algumas vezes, se perguntando por que seu sanduíche tinha desaparecido e tudo o que ele podia ver era amarelo.

Maya riu ainda mais alto!

Léo tirou a folha com a pata e olhou para a árvore com desgosto. – Se você não parar com isso, vou afiar as minhas unhas em você!

Várias folhas se soltaram dos galhos e planaram para o chão. Léo olhou ao redor e percebeu que eles na verdade estavam fazendo um piquenique em um cobertor de folhas caídas.

– Olha só para esta confusão! – Declarou furioso. – Por que as árvores não são mais organizadas? Por que elas não seguram suas folhas? Nãããoo … Todo ano elas soltam suas folhas e então nós temos que passar horas e horas, limpando o jardim e correndo atrás delas.

Maya levantou as sobrancelhas já que o gato nunca tinha pego um ancinho em toda a sua curta vida. Em vez de dizer isso na cara dele (ou corrigir seus erros de gramática), levemente sugeriu, – Por que você não pergunta para a árvore?

Léo olhou para ela por um longo minuto. Ele se perguntou vagamente se o chapéu não estava pequeno para a cabeça dela e apertou demais seu cérebro. Então ele levantou e, com grande dignidade, anunciou, – Tudo bem. Eu vou!



O gato marchou para a base da árvore e olhou para cima. – Okey, árvore. Diga-me: Por que você faz essa confusão todo outono, largando suas folhas e fazendo outra pessoa limpar? E qual é a dificuldade? Você só tem que fazer novas folhas a cada primavera.

Tendo terminado o seu discurso, Léo olhou presunçosamente por cima do ombro para a bruxinha Maya. Ele realmente não esperava que a árvore fosse responder. Então, quando a casca de seu tronco começou a mudar, primeiro um borrão e depois começou a aparecer feições: um nariz, boca, olhos e bochechas; sua pele como madeira picada para fora em todas as direções e os olhos tão grande como panquecas! E quando o rosto na árvore virou na direção dele, suas patas desenvolveram independentemente molas que saltaram para trás em linha reta no colo de Maya.

A cara deu-lhe um olhar severo, moveu seus lábios e palavras da árvore pareciam ecoar pela floresta. – Você é um gato bobo! Se eu não liberar minhas folhas no outono, eu vou morrer.

As orelhas do Léo saltaram para a frente. – Você vai? Por que?

A árvore suspirou. – Aproveito a energia do sol para alimentar minhas folhas e dar-lhes sua linda cor verde. Quando os dias ficam mais curtos e há menos horas de luz solar, elas se alimentam menos. As cores ouro e vermelhas, que você vê no outono estavam sempre em minhas folhas. Mas quando há menos comida para elas, é quando suas cores verdadeiras aparecem e acho que é muito bonito.

Léo assentiu com a cabeça. – Sim, é. Então, por que você não as quer mais?

– Porque, caso contrário eu teria que continuar a tentar alimentá-las e eu não tenho energia suficiente no inverno para fazer isso. Eu tenho que deixá-las ir para sobreviver.

Pressionado contra a barriga de Maya, com os braços a sua volta de forma protetora, Léo sentiu-se corajoso o suficiente para perguntar: – Mas os pinheiros não perdem suas folhas no outono.

O rosto na árvore parecia girar seus olhos. – As folhas do amoroso pinheiro têm uma forma diferente, não tem? Coisinhas pequenas, estreitas, acanhadas. Suas folhas não precisam de muita energia e umidade como as minhas.



– Por que você não faz crescer folhas assim então? – Perguntou Léo.

A árvore olhou para ele como se não pudesse acreditar nos seus ouvidos (que, como todos inclusive Léo sabia, tinha um par dobrado em sua casca em algum lugar!) – Porque então eu seria um pinheiro, não seria? Mas eu não sou.

– Entendo seu ponto de vista, – admitiu Léo. – Mas você não podia solta-las numa pequena pilha arrumada em vez de fazer essa grande bagunça?

Novamente a árvore suspirou e rolou seus olhos para o céu… como se orasse para os deuses para resgatá-lo de gatinhos bocós.

– Essa “bagunça”, como você chama, forma um cobertor quente sobre as minhas raízes, protegendo-as contra a gelo. Dessa forma, posso me enroscar pra baixo e dormir durante o inverno.

Léo lembrou da colcha de retalhos quentinha e macia que Maya coloca em sua cama nessa época do ano. Ele pensou em como eles adoram se aconchegar sob ele em uma noite fria.

Ele virou-se para a bruxa, apertou sua mão e disse severamente, – Maya, nós não vamos reclamar mais sobre as folhas no chão e não vamos mais limpar o jardim. Não sei o que estava pensando! Você não sabe que aquelas folhas estão lá por um motivo?



Vivi Dalbo

Vivi (Virginia Dal Bo Ribeiro) nascida no glorioso ano de Dragão de Fogo.

Sagitariana raiz, adora festas, poesia e cerveja. Sacerdotisa da Tradição Diânica Nemorensis.

E o mais importante: mãe da Maya.

@virginiadalboribeiro



Estamos à procura de bruxes escritores que desejem compartilhar seus saberes, somando em nosso blog!

O Blog das Bruxas da Quebrada é um espaço de partilha, aprendizagem e informação, garantindo acessibilidade a conteúdos potentes e de qualidade!

Os textos são autorais, pois assim valorizamos as múltiplas narrativas que encontram seu espaço por aqui!

Então, bora somar?

Se te interessou, mande um e-mail:

mariana@respeitaasbruxasdaquebrada.com.br


Leia Também

Deixe um Comentário

Deixe um Comentário

Seu endereço de email não será publicado. Campos marcados com asterisco (*) são obrigatórios