E quem é o Alecrim Dourado?
Por que nenhum de nós é o “Alecrim Dourado que nasceu no campo sem ser semeado.”
Há uma expressão nas comunidades pagãs modernas: “Alecrim Dourado” e é usada para pessoas que falam muito sobre ter uma forte conexão com os Deuses, ou que reivindicam conhecimento, poder ou autoridade incomuns ou que parecem estar se esforçando muito para chamar a atenção.
É baseada, claro, na ideia de que todos os “alecrins dourados” são únicos e ao mesmo tempo uniformes. Mas o alecrim dourado especial acredita merecer atenção e elogios extras somente por serem eles mesmos.
No paganismo, há muitas maneiras pelas quais as pessoas se enquadram em categorias variantes, entre as quais os alecrins dourados especiais. Estes são os que provavelmente vejo com mais frequência e, portanto, mais me irritam. São aqueles que sentem que foram chamados para algum serviço único que merece respeito automático e inquestionável.
Muitos de nós, inclusive eu, somos chamados a servir. O serviço não nos torna especiais, ele nos torna úteis. O fato que as pessoas não gostam de reconhecer é que todos nós somos extremamente temporários para os deuses e espíritos. Nossas vidas mortais são momentos em sua realidade muito mais ampla.
Temos valor para eles? Estou certa de que sim, mesmo em nível individual, mas esse valor não é eclipsado por sua necessidade maior de realizar certas coisas e estar sempre de olho em objetivos maiores. Eu nunca vou fingir que entendo os caminhos de Ellen, eu sei que tenho um valor para ela e sirvo a um propósito, mas também estou ciente de que quando eu me for, outra pessoa tomará meu lugar.
Não somos, nenhum de nós, especial no grande esquema das coisas porque somos todos utilitários. Servimos ao nosso propósito, bem ou mal e, quando cairmos nos limites inevitáveis do tempo, o próximo virá para servir o próximo passo.
Não importa quão experiente, quão poderoso, quão habilidoso ou quão bem uma pessoa sirva aos Deuses, seu tempo é limitado e a importância de seu poder, conhecimento, habilidade e serviço em sua vida não é medido pelo quão especiais pensamos que somos, mas por como eles afetam a vida de outras pessoas e quão bem servimos ao nosso propósito. E isso, em última análise, só é verdadeiramente medido e julgado com o tempo.
A síndrome do alecrim dourado especial me incomoda porque distrai das questões importantes. As coisas que importam, que deveríamos discutir como comunidade druídica e/ou pagã como um todo, não giram em torno de cultos de personalidade e da necessidade de atenção especial de um indivíduo (ou muitos indivíduos diferentes). Como comunidade, desperdiçamos muito tempo e energia incentivando ou combatendo a síndrome do alecrim dourado especial quando deveríamos apenas ignorá-la.
Há muito trabalho a ser feito e precisamos nos concentrar em fazê-lo, não tentando provar o quanto somos mais importantes para a divindade X ou o espírito Y, ou, inversamente, que outra pessoa não é. Se uma pessoa é realmente um amigo especial de um Deus ou espírito, então é o Deus ou espírito que o tornará claro, não a pessoa – é assim que sempre funcionou na mitologia e no folclore e eu não vejo nenhuma razão pela qual a internet mudaria alguma coisa.
De fato, se alguém tivesse coragem, poderia apontar as muitas proibições em algumas culturas, como a irlandesa e a galesa, de falar ou se gabar da consideração especial que você recebe dos daoine sidhe, por exemplo, para não perder essa amizade …
Nenhum de nós é um Alecrim Dourado especial e precisamos parar de encorajar as pessoas a tentarem ser.
Sanny Caldas Araujo (Veronyka)
Sou de Belém do Pará, Advogada internacional, Doutora em Segurança Internacional e Defesa, Diplomata; Pagã a vida inteira, Druidista a 2 anos, filha de Ellen dos caminhos, membro dos Clãs Daoine torc, Leanai an Ghealach clann e Ramo de Carvalho, filiados ao CBDRC (Conselho Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Celta).
@veronyka_sanny (Instagram)
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