Dos caminhos da Afetividade e da Criatividade.
De onde vem os afetos? Penso eu sentada na esquina do meu pensamento…
Os meus afetos vêm dos meus encontros, das minhas relações, das minhas sensações, dos meus processos criativos, dos conhecimentos agregados aos sons, imagens, cheiros, sabores, texturas; vem da minha experiência direta com pessoas, livros, pinturas, em todos os sentimentos envolvidos que me envolvem, me remexem, me viram do avesso, me transformam…
Eu comigo, eu mesma, eu por dentro de mim…. Euzinha!
Meus encontros e minhas relações com os livros me conduzem às minhas relações com seus autores, pessoas que viveram, sentiram e elaboraram suas próprias impressões sobre a vida, com tempos diversos, paisagens, espaços fictícios, com um passado distante ou próximo, que habita em mim.
O contato com um livro é totalmente erótico, porque como diria Adélia Prado, “erótica é a alma! ”
A cada leitura, amorosamente, saio grávida de ideias, novas sementes que brotam dentro de mim fortalecendo meu fazer… me multiplico em braços como um polvo…
É desse encontro que se faz a vida, a cultura, a sabedoria e a humanidade!
A Viagem da Criatividade
Nesse encontro sempre dou início a uma viagem para o meu interior, para me desbravar, me descobrir, me completar, porque minhas verdades estão do lado de dentro da minha pele, meus olhos, durante a leitura, abrem verdadeiramente, minhas janelas, descortinando palavras… quando leio, me nutro de palavras e códigos que atravessam minha constituição, rearranjando meu universo mental, ora ampliando, ora colorindo, ora desabando, ora tirando a poeira dos conceitos para fazer vir à luz o entendimento, a luz do saber.
Reverencio aos autores de livros por sua ousadia e coragem em grafar suas ideias e conhecimentos, que lançaram no oceano editorial, essa garrafinha com sua mensagem e nesse mar de sabedoria, me salvam todos os dias dos meus naufrágios. Quando saio a passear por meus caminhos mentais, meu livro me leva junto com ele, me leva pela mão, me chama a atenção para as paisagens, para os detalhes que só um olhar atento desvenda, me ensina a ver o mundo, meu livro- óculos, livro conselheiro, jamais prisão, livro-livre, liberdade… livro criação de um mundo novo em mim…
Afetividade e Criatividade
De afeto em afeto, de livro em livro, cresço por dentro e me vem a vontade de escrever o meu próprio livro, já penso na alegria de segurar esse meu filho no colo, essa criança que com a força de mudar o mundo, porque escrever um livro é ser alguém que deixa sua marca no mundo de alguém… ah, que desafio!
Esse lugar ainda não sei como é, mas quero aprender!
Nas minhas “costurices” e bordados até imaginei um livro escrito, desenhado, colorido, costurado, todo bordado, com cheiro e sabor… todo afeto, todo amor!
Livro é alimento para a alma! Recomendo: comam livros, são totalmente nutritivos!
Vilma Rocha – Yalorixá Jnanavam
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8 Comentários
Vilma super poderosa!! Amei… Faz a gente se conectar e refletir com nossos caminhos e viajar pelo interior q as vezes ou não conhecemos . Gratidão… vou comer mais livros hehehe!!
Ah….
Já estou curiosa por essa criação!
Que texto lindo, Vilma! Sinto o mesmo em relação aos livros <3
Vilma, Seu texto me remete a um tempo de introspecção. Aqueles dias e horas nos quais a escrita sai aos borbotões, às pencas! Um texto carregado de pronomes pessoais auto introjetados, com a necessidade de ser expulso, tal uma pedra no estilingue, com raiva, força, velocidade e direção ao alvo, seu próprio interior.
Gosto muito disso, bem o sabe! Essas explosões são aquelas que nos projetam para um mundo da imaginação, das nuvens que no céu, em dias de ventania, formam figuras difusas, claras, confusas, alheias à compreensão dos simples mortais.
Você está num universo similar a uma escritora do quilate da Clarice Lispector. Precisa de ar!
Precisa expandir, saiba disso!
Um texto maravilhoso.Bem seu. Então bora lá nos apresentar com seu livro.
Um texto rico e profundo. Levar a reflexão de que nossos afetos se nutrem de como nos relacionamos com as coisas e com as pessoas que nos cercam.
A forma como nos relacionamos com o mundo, com nós mesmos e com os outros é uma base de resumo inicial do que nos permitimos e, também, de como nos tratamos internamente. É uma questão existencial de conseguir ampliar nossas percepções do que é o existir.
Parabéns pelo texto
Amei amiga!!! Parabéns pela iniciativa!!!!
Bom dia!
Noites e dias, sucessivas oportunidades para ler e reler!
A apropriação desses textos da Vilma e o conhecimento de suas lutas diárias trazem a certeza de que ela precisa ousar mais! Fazer desta somatória de textos, um livro que nos abrace em diárias reflexões. Muito obrigado por existir! Beijos!
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