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O que você tem para colher nessa temporada?

O que você tem para colher nessa temporada?

O que você tem para colher nessa temporada?

Em algumas épocas de nossas vidas esse questionamento nos atravessa, e para aquelas pessoas que seguem os ciclos sazonais da Roda do Ano, esse pensamento reverbera com muita força, pois o primeiro festival de colheita, o Lammas, está chegando.

E mesmo que você nem saiba o que é isso, estamos no início de um novo ano civil, e muito do que esperamos ou intencionamos se relaciona profundamente com essa temática: o que fiz até agora e quais são os desdobramentos de minhas ações.

E isso é nossa colheita. E ainda bem que é a primeira, não é mesmo?! Não sei em que momento da vida você está agora, nem conheço sua trajetória, ou o que te trouxe até aqui, mas certamente você fez coisas, esteve em movimento. E não cabe, neste momento, mensurar que tipo de movimento foi esse.

Se foi intenso, ativo, introspectivo, próspero, caótico, turbulento, pacífico, lento, ou um “não movimento”, o processo foi único e exclusivamente seu. E veja bem, o convite é a uma reflexão, não a uma sessão de julgamento inquisitório, ou de exaltação sequer de premiação.

Deste ponto em que estamos, às vésperas de mais um movimento cíclico de colheita, podemos olhar para o que temos neste momento em nossas vidas, e pensar no que podemos fazer a partir dessa observação.



Aspectos do Lammas


Um aspecto interessante e poderoso do Lammas é que um de seus grandes temas consiste no sacrifício. Você pode pensar: “Como assim? Será que é uma coisa ruim então?”. Essa palavra “sacrifício” é pesada, densa, gera um certo desconforto, pois pode nos levar a uma imagem mental de dor, de um esforço sobre-humano ou até mesmo de morte.

Nenhuma dessas imagens está errada, longe disso, no entanto o sacrifício também representa entrega, perseverança, resiliência e responsabilidade.

E de maneira nenhuma quero com isso romantizar o sofrimento ou o abuso, nem nada disso, esses lugares não são, de forma alguma, acolhedores e quentinhos de se estar. No entanto, em muitas situações de nossas vidas podemos nos encontrar neles. Ninguém está livre disso. Infelizmente.

Mas puxando esse fio, para que ele forme um desenho mais amplo, e partindo desse conceito de colheita e sacrifício, podemos formar uma tapeçaria com padrões que talvez não tenham surgido antes.

Partindo da perspectiva do sacrifício como grande responsável pelo que colheremos nessa temporada, cabe avaliar que tipo de sacrifício esteve ou está impulsionando o que temos feito até agora.



Colha o que você Plantou

Se você faz um olhar panorâmico e enxerga que seu sacrifício pessoal gerou dor, angústia, sofrimento, esses foram os adubos responsáveis pela nutrição das sementes do que você colherá agora.

Caso seu sacrifício tenha sido movimentado pela entrega, pela responsabilidade, pela resiliência, suas sementes receberam outra qualidade de adubo, logo, sua colheita poderá ter um caráter mais gratificante.

E agora?

Se o que passou na sua cabeça foi algo do tipo: “Fodeu”, calma.

A beleza da sazonalidade, da ciclicidade na qual a Roda do Ano acontece está em ter a certeza de que nada é permanente. Estamos apenas na primeira colheita.

De acordo com suas expectativas ou não, virão outras.

Então, se seu ano começa em um lugar de abundância, que bom! Desfrute, aproveite, e pense em como fará a manutenção disso, pois dá trabalho, e não é pouco. Não esqueça que a responsabilidade é sua.

Mas se você está no outro lugar, não veja isso como um destino cruel e imutável. Quando estamos imersos no caos nos falta clareza e perspectiva, e é muito comum sentirmos que somos incapazes de sair, de mudar, de fazer diferente. E olha que digo isso com toda a sinceridade e com toda a empatia, pois muitas vezes me vi e me vejo nessa mesma situação.

(Mas isso eu conto em outro momento, combinado?)

Apesar disso, existe algo que está ao alcance de qualquer pessoa, a possibilidade de encarar a colheita que temos diante de nós e decidir como cuidaremos de nossas próximas sementes.

Pode ser que isso dê um medo enorme, e geralmente dá, ou que alguma voz lá no fundo da mente diga que não é possível mudar. Mas podemos sim. E isso requer muita coragem.

E se me permitem dar um conselho, não precisamos mudar tudo de uma vez só.

Posso olhar para minha colheita pessoal, agradecer os ensinamentos, entender o que ela me revelou, e fazer diferente, tentar fazer diferente. E tudo bem errar no caminho, até porque não existe receita ou manual que nos ensine certas coisas em nossas vidas.



Generosidade é a chave. Com nós mesmos. Acolhendo erros e acertos e nos autorizando a testar, recalcular, modificar, romper, continuar, e agradecer no meio de tudo isso. Agradecer porque estamos tentando. Agradecer porque não desistimos e não desistiremos de nós.

No fim das contas, somos nosso bem mais precioso. A colheita mais bonita que podemos ter é nos vermos bem, em paz, aceitando quem verdadeiramente somos sem preocupações com o que os outros podem pensar sobre como nos manifestamos.

Não é um trabalho fácil, de maneira alguma, e pode ser que ainda venham colheitas que não agradem tanto. Acolha-as mesmo assim. E faça o seu melhor para que elas mudem a cada virada de estações. Isso é algo que apenas nós podemos fazer. É a tal da responsabilidade. Ninguém faz isso para nós. Nós fazemos. Eu faço. Você faz. E podemos fazer.

Bençãos Plenas!

Mariana Leal


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