Quando o inimigo é seu amor
Este é um relato autobiográfico, mas tenho certeza, muitas pessoas vão se identificar com essa situação.
Em 2019 participei de um círculo de sagrado feminino, e um dos momentos principais é a “hora da partilha”. Nesta ocasião, cada mulher faz o seu relato, que pode ser sobre um tema relacionado ao assunto do dia desenvolvido no círculo, eventos que aconteceram desde a última reunião ou algo que se está com vontade de falar, por para fora.
Em minha opinião, é a partilha mais curadora de um círculo de sagrado feminino. Neste ponto, a mulher que está de posse do instrumento de poder (pau de fala, concha, etc.), fala sem ser interrompida, sobre aquilo que carrega na alma, aquilo que quer curar, com o compromisso de sigilo e sem julgamentos. Presenciei várias curas, grandes transformações, mas isso é tema para outra reflexão.
O fato é que em uma certa “hora da partilha”, uma irmã do círculo falou sobre violência doméstica e sobre abuso psicológico. Ao ouvir esse relato, fui ficando em choque, pois eu, por muitos anos fui vítima de violência doméstica sem ter me dado conta disso. Inacreditável como somente aos 41 anos de idade tive real noção do que havia vivenciado.
A violência doméstica é um assunto muito delicado de ser abordado, pois envolve, como o próprio nome já diz, o âmbito do lar, nosso refúgio, e pessoas de nossa família, pelas quais nutrimos afeto. Nas periferias do Brasil é assunto rotineiro, infelizmente, mas não se limita só as classes desfavorecidas.
Meu pai, hoje já falecido, era alcoólatra, e vivi na infância e início da adolescência, junto a minha mãe e irmão, vários episódios de violência, que meu caso era mais psicológica, mas que com minha mãe por diversas vezes foi de violência física.
Nunca havia me colocado na posição de vítima, embora por diversas vezes fosse um assunto que via nos jornais, na tv e na mídia em geral. Nunca havia ligado que violência doméstica é o que acontecia em minha casa.
É muito assustador identificar pessoas do nosso convívio, com as quais nos relacionamos, no papel de agressoras, violentas e tóxicas.
O alcoolismo é uma doença, que precisa ser tratada, mas não podemos romantizar o fato que mesmo doentes, pessoas são agressivas, abusadoras e tóxicas. E a violência e os abusos deixam marcas profundas em suas vítimas.
Considerações Finais…
Este texto, tem como finalidade a reflexão. Observe se você ou alguém da sua família passa por situação semelhante. Fica o alerta, para que observemos o que se passa conosco com mais atenção e amorosidade. E em caso de se identificar procure ajuda.
Rosana Guerra
Bruxa, taróloga, terapeuta holística, Cavaleiro da tribo da Bruxa o e o Dragão, uma das idealizadoras do Projeto Ventre de Afrodithe para mulheres em situação de vulnerabilidade menstrual.
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